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Negócios

Simpar muda e vai buscar geração de valor

São Paulo, agosto de 2024.

Holding diz que fase de investimentos pesados acabou e foco é ampliar retorno aos acionistas

Com os R$ 7 bilhões investidos em 2023, a Simpar encerrou o ciclo de grandes aportes voltados à estruturação de seus negócios e agora deve buscar maior retorno aos acionistas. O objetivo nesta nova fase é captar os ganhos de eficiência das suas oito controladas, aproveitando a estrutura que foi construída, principalmente, nos últimos cinco anos. A expectativa é que a mudança resulte no pagamento de dividendos maiores, nos médio e longo prazos, e melhore a avaliação das suas ações na bolsa.

Controlador de três empresas com papéis na B3 – JSL, Movida e Vamos – e de mais cinco de capital fechado (Automob, CSBrasil, CSInfra, Ciclus Ambiental e BBC), o grupo investiu, nos últimos três anos, perto de R$ 30 bilhões, principalmente para estruturar os negócios das companhias abertas e da Automob. Cerca de 98% desses recursos foram para compra de carros, caminhões e equipamentos. Além das 26 aquisições realizadas desde o segundo semestre de 2020 pela JSL, Movida, Vamos e Automob.

Essa estratégia de crescimento levou a companhia a uma alavancagem no fim de dezembro de 3,7 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês). Esse índice era de 3,5 vezes no fim de 2022, ano que o grupo investiu o recorde de R$ 13 bilhões.

Fernando Simões, presidente da holding, afirma que o processo de estruturação mais acelerado do grupo, iniciada em 2020 com a criação da Simpar, terminou. Os investimentos em ativos devem ser menores e a busca por aquisições, também, mas não significa que a Simpar vai deixar de procurar oportunidades, principalmente nos segmentos de transportes (JSL) e concessionárias de automóveis (Automob).

“Os últimos anos foram de construção da base. Agora vamos buscar extrair mais de todos os negócios. Parte do investimento realizado no ano passado, por exemplo, só vai gerar valor em 2024”, afirmou Simões. “Acredito num capex [investimento] menor daqui para a frente, mas não significa que o grupo não continuará crescendo.”

A Simpar fechou 2023 com receita líquida de R$ 35,5 bilhões, alta de 34% sobre o ano anterior. O Ebitda subiu 20% na comparação anual, para R$ 8,2 bilhões, e a receita líquida de serviços atingiu R$ 25,6 bilhões, crescimento de 36%. Mas o grupo reverteu o lucro líquido de 2022, de R$ 836 milhões, em prejuízo de R$ 280 milhões ao fim do ano passado.

Após a publicação do balanço do 4º trimestre e o fechado de 2023 na semana passada, analistas de bancos destacaram que os números vieram dentro do esperado, mas com desempenho ainda fraco dos seminovos da Movida e maiores níveis de depreciação, além de vendas fracas de Vamos nas concessionárias em meio à desaceleração do mercado de caminhões e equipamentos. Os pontos positivos foram os desempenhos da Automob e da JSL.

“Olhando para o futuro, Vamos e Movida já indicaram melhoria nas performances operacionais no primeiro trimestre de 2024, o que deve beneficiar a Simpar no curto prazo. Além disso, a consolidação das atividades de gestão de resíduos não listadas do grupo, sob a recém-criada Ciclus Ambiental, também poderia abrir caminho para gerar valor nesta parte do negócio”, escreveu o analista Pedro Baptista, do Jefferies.

Link para a matéria: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/04/03/simpar-muda-e-vai-buscar-geracao-de-valor.ghtml